domingo, 28 de março de 2010

Capítulo 4 - Destino na ponta da flecha

- Ahhhhh! – gritou Diego e em seguida desmaiou.

O cachorro estava preparando seu pulo quando de repente algo o atingiu e caiu chorando. Era uma flecha disparada por Nathália!

- Por aqui, venham! Diego está em perigo! – gritou efusivamente para Marcos e Julia que estavam logo atrás.
Dois outros homens, cúmplices dos bandidos surgiram de trás de uma casa ao notarem que Diego estava desacordado e o pegaram pelos braços dizendo:

- Vamos levá-lo ao porto! – e correram carregando o corpo do garoto.

- Ao porto? – perguntou Julia.

- Oh não! É um seqüestro, devem estar tentando vendê-lo como escravo! – respondeu Marcos.

Nathália empunhou seu arco e correu atrás dos homens, gritando furiosamente.

- Voltem aqui! Eu vou acertar vocês!

Quando Marcos e Julia começaram a segui-la, os dois primeiros bandidos se puseram em seu caminho e foram se aproximando, como se quisessem partir pra agressão física. Marcos cerrou os punhos, olhou nos olhos de Julia e disse:

- Você sabe lutar?

- Será que não podemos resolver isso pacificamente?

- Apenas chute onde mais dói em um homem. Daí, quem sabe? – nessa altura não houve tempo de Julia responder. Os bandidos estavam a menos de um metro de distância...


Era de manhã, mas já fazia um sol que provavelmente iria perdurar pelo resto do dia. Nathália tinha acabado de acordar e lavava o rosto, olhou o espelho enquanto pensava: “Lá vou eu para mais uma sessão de perguntas idiotas com velhos infames” Faria uma entrevista de emprego em uma hora. Tratou de tomar um banho rápido e preparou um café puro e forte, um copo cheio. Bebeu enquanto olhava pela janela tentando se lembrar do sonho confuso. Subitamente olhou o relógio e com pressa vestiu uma roupa confortável e partiu.

- Então, Sra. Nathália, está desempregada há quanto tempo?

- Sete meses.

- E qual foi seu último emprego?

- Eu fiz estágio em uma academia, como monitora, se é que pode chamar isso de emprego...

- Entendo. Li aqui que abandonou a faculdade. Por que?

- Porque eu quis. Era caro e cansei de educação física. – respondeu enquanto pensava: “qual a relevância dessas perguntas?”.

- E essa outra experiência profissional? Poderia me falar um pouco sobre ela?

“Argh! Quanto tempo isso ainda vai levar?” – Pensou. Nathália tinha sido gerente de uma loja de cosméticos. Sua vida sempre foi bastante movimentada. Aos dezessete anos, fugiu de casa com o namorado, vocalista de uma banda de metal, sete anos mais velho, e foram morar em uma outra cidade, onde não se pode dizer que não aproveitou bastante. Bebia, fazia festas, saiam sempre, mesmo quando tinham pouco dinheiro. Três anos e meio depois, porém, a paixão acabou e voltou à casa dos pais.

Após conquistar a confiança de seu pai em seu "retorno", ele encontrou um emprego para a garota como vendedora em uma loja de cosméticos e ela também passou a estudar de noite para completar o ensino médio. Com vinte e dois anos, tornou-se gerente e resolveu, com uma ajuda dos pais, começar a cursar educação física. Não suportava os alunos da faculdade, que considerava fúteis, tal como os clientes da loja.

Dois anos depois a loja faliu e Nathália arrumou um estágio em uma academia. Não tinha mais dinheiro pra nada, até que o estágio deixou de ser remunerado e teve que trancar a faculdade justo quando ia para o último ano. Na academia conheceu umas jogadoras vôlei e desde então jogava em um time amador.

No resto do dia, já em casa, enquanto lia “2001 – Uma Odisséia no Espaço” de Artur Clarke, ligava o som no volume máximo tocando Lacuna Coil, mesmo com a reclamação de sua mãe sobre o barulho. Mais tarde arrumou-se para jogar vôlei e disse:

- Eu voltarei tarde hoje, vou jantar numa amiga e depois vou pra um bar aí com os amigos.

- Não volte tarde! Meia noite, no máximo, e não importa sua idade! Enquanto morar aqui a regra é essa!– a mãe respondeu enquanto Nathália já ia saindo de casa sem nem responder.

O que Nathália mais queria era arrumar logo um emprego, terminar a faculdade e sair de casa por contra própria, sabia que tinha capacidade, só o que faltava era uma chance. Mas naquele dia, contentou-se em beber algumas cervejas com os amigos até umas quatro horas da madrugada.


Marcos acertou de primeira um soco no nariz de um dos bandidos, mas olhou pro lado e viu Julia. Tentou mandar um chute, mas o outro bandido pegou sua perna e empurrou a professora. O advogado então a segurou para que não caísse, e isso deu tempo ao bandido, com nariz sangrando, sacar uma adaga.

- Você vai pagar pelo que... – ia dizendo o bandido que foi interrompido por um homem em um cavalo, que portava uma espada.

???
20 ~ 25 anos (idade estimada)
Cavaleiro
??? com ascendente em ???

- Cala tua boca! Sumam daqui antes que eu ponha vocês para correr! – disse o cavaleiro ameaçando um bandido com a espada.



- N... Não pode ser! Este homem... Vamos embora! – e fugiram.



Então o cavaleiro virou-se para Marcos e Julia:



- Por que vocês estão aqui? – e antes que pudessem responder. – Eu já imagino... Mas não consigo entender porque ele decidiu por isso. Hum... deve ter suas razões...



- Muito obrigada pela ajuda! – interrompeu Julia com um sorriso no rosto, encantada com o cavaleiro.



- Sabe nos dizer onde fica o porto? – perguntou Marcos.



- Venham comigo, eu deixarei vocês lá.



Enquanto caminhavam até o porto, o cavaleiro disse:



- Vocês deveriam saber como se virar sozinhos, não é? Eu sei como deve estar sendo difícil e resolvi ajudar esta vez. Mas ouçam bem: foi somente desta vez. Aqui é lugar para pessoas fortes!



- Se eu pelo menos soubesse por qual motivo estamos aqui. – respondeu Marcos, sentindo-se provocado.



- Em breve saberão. Mas será que isso significa que conseguirão sobreviver? Bom, veremos. Aliás, o porto começa ali. – disse apontando adiante, e foi embora em seu cavalo, sem dizer mais nada, sem ao menos esperar a resposta.



Os dois seguiram rapidamente pelo porto, tentando encontrar Diego em tempo.



Enquanto isso, Nathália estava começando a sonhar e a se ver correndo no porto. Em sua frente, Diego e os dois homens, que pararam diante de um navio de madeira cuja proa tinha a cabeça de um dragão. Percebeu que teria de agir rápido, mirou seu arco e mandou uma flecha em um dos bandidos, que virou de frente para Nathália e tentou desviar, fazendo com que o projétil atingisse apenas de raspão seu braço, abrindo um corte.

Nathália já preparava mais uma flecha quando um dos bandidos ponderou:



- Precisamos nos livrar dela primeiro. – erguendo uma adaga.



Neste momento, Diego retomou a consciência e, de surpresa pegou no braço do bandido armado e soltou-lhe a adaga, dando tempo para que Nathália rendesse o outro bandido apontando o arco.



- Até que você sabe brigar, hein! – exclamou a arqueira para Diego.



- Eu praticava kung fu, sei algumas coisas... – falou olhando ao redor e vendo que um amontoado de pessoas os rodeavam. Um dos bandidos aproveitou a situação para protestar:



- Estes forasteiros agrediram a mim e ao meu cão de caça! Merecem ser punidos!



- É mentira! Eles tentaram nos assaltar e seqüestrar um dos nossos! – esbravejou Nathália.



Um homem com aspecto de guerreiro, provavelmente respeitado pelos demais, se destacou da multidão e disse:



- Muito bem... Temos um conflito aqui. Quem irá falar pelas partes?



- Eu mostrarei a verdade. – disse em tom confiante um dos bandidos, batendo com o punho no peito.

- O que tá acontecendo? O que é isso? - Se surpreendeu Nathália.

- Pô, eu não tô entendendo nada. Será que essa gente vai nos atacar? - Diego olhou em volta e percebeu que a expressão facial das pessoas não era exatamente hostil, mas curiosa, estavam interessados no que acontecia. Continuou olhando e notou que Julia e Marcos estavam na multidão e de repente percebeu Marcos vindo em sua direção. 



- Ah, então existe algum tipo de organização aqui, é alguma espécie de tribunal medieval. Diego, Nathália, não se preocupem, eu vou falar pela defesa de vocês, não se esqueçam que sou advogado. – disse Marcos aos seus, chamando a responsabilidade. Nem mesmo Nathália se opôs.



- Está bem, mas se não souber o que está fazendo, não vai gostar dos honorários. – disse apontando para a ponta de uma flecha.



- Eu já sabia que os vikings tinham um tribunal e parlamento em forma de assembléia, chamada Althing, mas nunca imaginei que fosse tão dinâmico na prática. Você tem minha confiança Marcos, e obrigada por me defender. – disse Julia, impressionada.



- Eu falarei em nome de meus companheiros. – disse Marcos ao guerreiro.
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Mensagem aos leitores

Foi criada uma nova página chamada "Arte" onde exponho desenhos de leitores e imagens dos personagens. Há um belo desenho do Marcos Pontini por lá, confiram.

Aguardem surpresas no blog junto com o quinto capítulo, até no máximo daqui uma semana.

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